terça-feira, 24 de abril de 2012

Ano 1 DC - dia 5 - 24/4













Acordei cedo e consegui marcar o ecocardiograma com dopler pra hoje. Amanhã farei as tomografias.
Sinto-me angustiada, como quem perdeu alguém muito querido. É como se eu tivesse morrido e agora estivesse começando uma nova encarnação com o inconveniente da lembrança da vida anterior. Ainda não sei quem é essa nova pessoa. Minha rotina é fazer exames, esperar resultados, rezar para ficar curada e para que o ruim não fique pior ainda.
Acho que no conjunto das dores o que está sendo mais difícil de aguentar é o sofrimento da minha família. Mas estou firme. Não tenho amanhã. Meu amanhã sempre depende do resultado de algum exame. Fé. Acredito que há uma energia superior que pode me curar. Vou continuar fazendo a minha parte, firme e com fé.

Ano 1 DC - Dia 4 - 23/4













Fui à oncologista e recebi mais pedidos de exames para podermos definir o tratamento. Só consegui marcar as tomografias, amanhã vou tentar marcar o ecodopler para o quanto antes. Saí de lá mais desanimada porque vou ter que passar por mais ansiedade (conseguir marcar todos os exames, aguardar os resultados e ter tudo pronto até segunda feira), é muito torturante. O desgaste emocional é absurdo. Até esqueci a hérnia, mas ela está melhorando.

domingo, 22 de abril de 2012

Ano 1 DC - 21/04 2º Dia













Ano 1 DC - 2º Dia
Mal acordei e fui pra farmácia tomar uma injeção para a hérnia de disco. O farmacêutico avisou que ia doer, mas no conjunto da obra essa dor foi irrelevante.
Resolvi relaxar um pouco e encarei uma feijoada e uma cervejinha enquanto posso.
Acho que um dos fatores aterrorizantes desta situação é o “não saber”. Não sei de nada. Não posso fazer planos para o final de semana porque não sei o que vão fazer comigo. Virei passiva e isso pra mim é enlouquecedor!
Amanhã vou à oncologista. Vi o site da clínica na internet e me animei um pouco (na medida em que é possível alguém se animar numa situação dessas).
Os amigos estão dando força, cada um a seu modo, uns ficando com o Gabriel, me dando presentes (adorei o livro, Márcia!), me visitando para dar um abraço (valeu Arthur!), telefonando, mandando mensagens e rezando. Agradeço a todos!

Ano 1 DC – 1º dia 20/04













Ano 1 DC – 1º dia 20/04
Cintilografia óssea. É um exame pra ver como está o resto do seu corpo. Foi tranquilo. Tomei um contraste e esperei umas 2 horas para ele fazer efeito para poder fazer o exame.
O material que foi retirado para a biópsia agora foi para outro exame para especificar melhor o tipo da encrenca.
À tarde fiz meu risco cirúrgico, tudo bem, risco 1, podem me cortar à vontade.
Cheguei em casa e ao descer do carro minha hérnia de disco ficou com inveja do câncer e achando que estou sofrendo pouco resolveu se manifestar.
À noite pela primeira vez meu seio doeu. Antes só dava umas fisgadas, mas dessa vez doeu muiiiito e por muuuuito tempo. Não sei se foi alguma reação ao contraste da cintilografia, sei lá, é mais uma das muitas coisas que não sei.
Procurei na internet um grupo de ajuda, mas só achei um em Niterói. Preciso de um no Rio. Não sei com vai ser para me deslocar por aí. Vou continuar procurando. Preciso de ajuda.

Ano 1 DC (Depois do Câncer)

Ano 1 DC (depois do câncer)

O marco zero se deu no dia 19/04 quando minha médica comunicou-me que eu tenho um “cancerzinho”. Não chorei. Ouvi as instruções dos próximos passos, recebi pedidos de novos exames, e o encaminhamento para uma oncologista. Pedi um remédio para dormir (algo que não tomava de jeito nenhum) e saí de lá outra pessoa. Uma pessoa que não sabe mais em que mundo está, só sabe que muito provavelmente vai ficar careca (já comecei a usar um coque para me acostumar com a ideia) e vai sofrer pra caralho, e que se tudo der certo pode sair viva desse pesadelo. Não sei o que doeu mais, a notícia ou as lágrimas do meu filho. Mas fiquei firme.Como sempre.


quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Quadro

Frida Kahlo - Viva la vida
O Quadro

Agora toda impressão dói,
Seja ela feliz ou triste,
Tanto faz.
Talvez as felizes doam mais.

A alma em carne viva
Tirando a bala sem anestesia,
Ninguém me ofereceu um whisky,
Nem o padre, nem o capataz.

A próxima linha,
A próxima nota,
Ficaram para trás.

O presente finca as garras
Na pele nua,
Ainda mais.

O fim vai escapando
Na espera que evapora.
Vai-se junto com a lógica,
O medo, a esperança e a paz.

O destino tenta pintar um quadro expressionista,
Mas o momento é surreal demais.
Borro toda a tela
E escrevo nela:
Quem dá mais?

A Ruth
31/03/12