De repente seus olhares se cruzaram. Eletricidade, química, sei lá. Ela desviou como se fugisse de uma bala
perdida, da forma mais dissimulada que conseguiu (dissimulação - um dos seus poderes). Não adiantou. Ele veio em sua
direção, ela fingiu que não viu. Não adiantou. Ele disse:
_ Você também percebeu
o que aconteceu aqui.
_ Cara, não sei o que você percebeu, mas se alguém peidou não fui eu.
O velho truque de fugir das situações através de seu absurdo humor,
desta vez escatológico. Pronto, defesa armada.
Ele riu, mas não se deu por vencido:
_ Oi, eu sou Antônio, e você?
Ela pensou: "e eu sou uma babaca", mas não foi o que respondeu. Com o robô
de "Perdidos no espaço" gritando na sua cabeça "Perigo! Perigo!" disse seu nome. O verdadeiro.
Perdeu o controle, não fez nenhuma piadinha e o próximo lance era dele.
Silêncio constrangedor. Desde quando isso virou uma luta por controle e
poder?
Mas ele era bom nisso. Nem parecia que estava jogando. Sentou-se ao lado
dela e antes que ela percebesse estavam dançando, íntimos, próximos, próximos
demais. Ele conduzia a dança de maneira fácil e natural, enquanto ela se
esforçava ao máximo para raciocinar: "deve ser o Maníaco da Lapa, vai me dar um
boa noite Cinderela e roubar os meus órgãos!"
Enquanto isso ele continuava conversando, olhando-a nos olhos com um
sorriso lindo, tão franco que parecia ser de verdade. Ela pensou:"as-sus-ta-dor!". Já não conseguia prestar atenção ao que ele dizia, enquanto
totalmente infantil elaborava seu plano de fuga:
a) Fingir que vai ao banheiro e ir embora;
b) Ir ao banheiro, ligar para uma amiga pedindo pra ela ligar dali a 5
min, atender, dizer que alguém morreu e ir embora depois de dar o número errado
pra ele.
Ou...
Pagar pra ver!
No fundo ela estava adorando. Uma situação imprevisível, incontrolável,
logo, excitante!
E agora?
Conseguirá o nosso
herói desarmar a bomba?
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